quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Rodrigo Maia | Artigo

Entrevista de Rodrigo Maia ao Correio Brasiliense


CB: O PFL só muda de nome ou muda, também, sua atuação?

RM: Começamos esse processo de “refundação” em 2004. O fim do primeiro mandato do presidente Lula evidenciou o fim do ciclo econômico de liberalização da economia brasileira. A democracia estava consolidada: podia haver trocas de comando no país e concessão sem traumas de espaço a todos os grupos ideológicos. O papel da Frente Liberal se esgotou. Ela foi essencial na sustentação dos governos democráticos de 1985 a 2002, mas depois deixou de ter razão de existir. O resultado eleitoral de 2006, péssimo para nós, revelou que era necessário promover uma reaproximação com os eleitores, com as bases. Precisamos entender o novo ciclo da política brasileira. Temos de descobrir como vamos nos inserir nele. Estamos com nossa atuação basicamente concentrada no Parlamento. Só temos um governador, o do Distrito Federal. Perdemos as máquinas administrativas e precisamos encontrar uma nova forma de fazer política.

CB: Essa união com o PSDB caminha inexoravelmente para uma nova aliança em 2010?

RM: O projeto de renovação também servirá para fazer emergir possíveis candidaturas à Presidência em 2010. Só tivemos candidatos próprios em 1989. Vamos chegar junto do eleitor, sentir seu pulso e saber quais são as expectativas que ele tem. Podemos ser uma alternativa de poder.

CB: O governo Lula tem um corte popular evidente, até populista. Com isso, magnetiza o eleitor e inebria o cidadão. Como encontrar espaço para empunhar bandeiras liberais que são a antítese do populismo?

RM: Não vivemos mais o fundamentalismo maniqueísta da “esquerda” contra a “direita”. Defendemos bandeiras liberais não só na economia, mas também em temas de fundo da sociedade como na agenda social, na garantia das liberdades do cidadão e até na pauta do debate ambiental. O Estado precisa estar presente no cotidiano do cidadão, mas não precisa ser assistencialista dessa forma como o governo Lula vem sendo. Ao focar no cidadão, por exemplo, o Bolsa Família revela-se uma proposta liberal na origem, mas a boa idéia foi manipulada de forma a fidelizar um tipo de eleitor, um tipo de eleitorado. Nós, democratas, não vamos levantar bandeiras liberais ortodoxas. Vamos, sim, lutar pela melhoria das condições de vida dos cidadãos. Sem esquecer, claro, que a economia perpassa todo esse cenário e define a qualidade de vida da população.

CB: Qual o grande erro do governo Lula?

RM: O maior pecado do presidente e de seu governo é deixar o Brasil perder as oportunidades que se descortinam no cenário econômico internacional. O Estado não se aperfeiçoou para ter mecanismos mais eficientes de ação, não gerou políticas que dessem maior segurança ao investidor privado. Isso teria consolidado ainda mais a nossa democracia.

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Fonte: Site Democratas

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