Gelol no cotovelo
(por: Ruy Castro - Folha de São Paulo)
RIO DE JANEIRO - Pode não parecer, mas o brasileiro é muito rigoroso consigo mesmo. Exigimos de nós uma perfeição com a qual outros povos, menos críticos, nem sonham. Veja o Pan do Rio.
Antes de começar, teve seu fracasso decretado por todo mundo. Haveria um apagão no trânsito, as novas instalações não funcionariam, o Alemão iria descer. Mas o trânsito fluiu bem, os estádios deram um show e o Alemão, que coisa, ficou quieto no seu canto.
Daí começou-se a bater na desimportância do Pan. Ela podia ser medida pelo fato de que a imprensa americana não lhe estava dando bola. Mas e daí? Os americanos são assim mesmo, de um provincianismo ridículo. Tiveram a honra de sediar uma Copa do Mundo de futebol em 1994 e, nas duas primeiras semanas, seus jornais também a ignoraram, em nome dos campeonatinhos locais de rúgbi e beisebol.
No quesito inutilidade, passou-se então ao fato de que os recordes do Pan, quando comparados aos olímpicos, eram ilusórios. Bem, isso é realmente um problema. Os recordes dos Jogos Asiáticos -que, como se sabe, não contam com a presença dos atletas americanos e cubanos- também não se comparam aos olímpicos. Incrível como os tigres perdem seu tempo realizando-os.
Foi igualmente dito que o Pan era uma mentira porque potências como EUA e Canadá tinham mandado seus segundos times. Nesse caso, vamos acabar com esse inútil Brasileirão de futebol, já que nossos melhores jogadores (e os piores, também) atuam na Itália, na Espanha ou na Mongólia.
Por fim, falou-se no custo do Pan, muito superior ao previsto. É algo que, de fato, precisa ser bem apurado. A diferença é que o dinheiro foi gasto, mas o produto existiu. E o cartola mexicano, nada exigente, o chamou de o melhor Pan da história.
O resto é Gelol no cotovelo.
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(por: Ruy Castro - Folha de São Paulo)
RIO DE JANEIRO - Pode não parecer, mas o brasileiro é muito rigoroso consigo mesmo. Exigimos de nós uma perfeição com a qual outros povos, menos críticos, nem sonham. Veja o Pan do Rio.
Antes de começar, teve seu fracasso decretado por todo mundo. Haveria um apagão no trânsito, as novas instalações não funcionariam, o Alemão iria descer. Mas o trânsito fluiu bem, os estádios deram um show e o Alemão, que coisa, ficou quieto no seu canto.
Daí começou-se a bater na desimportância do Pan. Ela podia ser medida pelo fato de que a imprensa americana não lhe estava dando bola. Mas e daí? Os americanos são assim mesmo, de um provincianismo ridículo. Tiveram a honra de sediar uma Copa do Mundo de futebol em 1994 e, nas duas primeiras semanas, seus jornais também a ignoraram, em nome dos campeonatinhos locais de rúgbi e beisebol.
No quesito inutilidade, passou-se então ao fato de que os recordes do Pan, quando comparados aos olímpicos, eram ilusórios. Bem, isso é realmente um problema. Os recordes dos Jogos Asiáticos -que, como se sabe, não contam com a presença dos atletas americanos e cubanos- também não se comparam aos olímpicos. Incrível como os tigres perdem seu tempo realizando-os.
Foi igualmente dito que o Pan era uma mentira porque potências como EUA e Canadá tinham mandado seus segundos times. Nesse caso, vamos acabar com esse inútil Brasileirão de futebol, já que nossos melhores jogadores (e os piores, também) atuam na Itália, na Espanha ou na Mongólia.
Por fim, falou-se no custo do Pan, muito superior ao previsto. É algo que, de fato, precisa ser bem apurado. A diferença é que o dinheiro foi gasto, mas o produto existiu. E o cartola mexicano, nada exigente, o chamou de o melhor Pan da história.
O resto é Gelol no cotovelo.
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